Porque o Brasil é violento?
Uma vez eu vi em um programa de tv um historiador da USP (Universidade de São Paulo) falando sobre a violência e foi categórico em dizer que a violência sempre existiu e que nos dias de hoje muitas formas desconhecidas de violência estão mais evidentes e conhecidas por conta da globalização.
Mulher vitima
A violência urbana afeta a ordem
pública e toda a sociedade, independente de classe social, englobando diversos
tipos de violência: doméstica, escolar, dentro das empresas, contra idosos,
crianças, entre outras. Não há uma causa específica para a violência, apesar de
muitos especialistas apontarem a má distribuição de renda como fator principal.
Ônibus queimado
De fato, a desigual distribuição
de renda desencadeia um circulo vicioso que vai da privação da educação e de
condições básicas de saúde e moradia até o desenvolvimento de caminhos ilegais
e a criminalidade. Mas por outro lado, se a pobreza realmente fosse a causa
principal da violência urbana brasileira, cidades nordestinas teriam os índices
mais altos de violência. Sendo assim, outras causas seriam a desestruturação
familiar, o desemprego e o crescimento do crime.
Hoje, no Brasil, a violência, que
antes estava presente nas grandes cidades, espalha-se para cidades menores, à
medida que o crime organizado procura novos espaços. Além das dificuldades das
instituições de segurança pública em conter o processo de interiorização da
violência, a degradação urbana contribui decisivamente para ele, já que a
pobreza, a desigualdade social, o baixo acesso popular à justiça não são mais
problemas exclusivos das grandes metrópoles. Na última década, a violência tem
estado presente em nosso dia-a-dia, no noticiário e em conversas com amigos.
Todos conhecem alguém que sofreu algum tipo de violência. Há diferenças na
visão das causas e de como superá-las, mas a maioria dos especialistas no
assunto afirma que a violência urbana é algo evitável, desde que políticas de
segurança pública e social sejam colocadas em ação. É preciso atuar de maneira
eficaz tanto em suas causas primárias quanto em seus efeitos. É preciso aliar
políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade dos moradores das periferias,
sobretudo dos jovens, à repressão ao crime organizado. Uma tarefa que não é só
do Poder Público, mas de toda a sociedade civil.
Cracolandia: homem de terno usando a droga
O ser humano é violento ou produto do meio?
Diversas teorias psicológicas afirmam
que a agressividade é própria do ser humano, mas ao mesmo tempo colocam a importância
da cultura, da vida social, como reguladoras dos impulsos destrutivos. A função
de controle ocorre no processo de socialização onde é esperado que os vínculos
significativos estabelecidos com os outros seja determinante na internalização
dos controles. Afirmam ainda que a agressão apresenta-se como um mecanismo de
defesa, na forma de deslocamento ou sublimação. Na impossibilidade de ver
realizado seu desejo, o psiquismo reage e desloca a energia para a
agressividade.
Fiorelli, José Osmir &
Mangini, Rosana C. Ragazzoni (2009, p. 271) fornece um exemplo característico:
o individuo apresenta um comportamento agressivo ("a criança chora para
ganhar um doce"); consegue o que quer ("a mãe dá o doce"); ela
volta a agredir pelo mesmo ou outro motivo ("generaliza o
comportamento") e obtém novamente sucesso. Torna-se cada vez mais
agressiva.
A abordagem psicológica da linha
social-cognitiva, representada por Bandura, diz que a agressividade pode ter
origem nos modelos: a criança e o adolescente aprendem o que é considerado mera
agressividade ou violência com os pais, colegas de escola, ídolos etc. A partir
daí, passam a se comportar de forma a repeti-los, para estar "à altura
deles". Também a psicologia humanista discute o tema ao dizer que o
heroísmo da violência e dos violentos, amplamente divulgado pela mídia,
desenvolve a percepção para os benefícios da agressividade na conquista de
status, representando um fator motivacional, segundo a hierarquia de Maslow.
O que a ciência vê como uma
deformação de ordem puramente constitucional ou como instinto primordial do
homem, ou, ainda mesmo, como aprendizado ou herança eminentemente cultural, a
ciência espírita compreende por outro prisma, porque leva em consideração,
sobretudo, os “antecedentes espirituais”, isto é, o conjunto de disposições e
tendências do espírito, e não, propriamente, as anomalias e deficiências da
constituição somática ou da estrutura psíquica ou social do indivíduo.
A Doutrina Espírita entende o
violento como um doente espiritual e não como produto do meio social nem como
resultado de uma degenerescência hereditária e, muito menos ainda, como um ser
criado com instinto destruidor, do qual ele não pode fugir. Se o indivíduo
fosse fruto de seu meio, toda a sociedade bem organizada teria como produto
homens de bem. Do mesmo modo, se admitíssemos a tese da hereditariedade, o grau
de criminosos numa família oriunda de pais criminosos teria que ser mais
elevada do que vemos normalmente.
Para entender o nível evolutivo
dos Espíritos que vivem em nosso mundo, vejamos o que Santo Agostinho
(Espírito) escreveu no ano de 1862:
“(...) nem todos os Espíritos que
encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são
formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham,
por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com
Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas
desses mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças
indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos
seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual
dos povos mais esclarecidos.
Eis a informação a que nos
reportamos:
“Vivendo encarnados no Planeta
quase dois bilhões de individualidades humanas, esclareceu o benfeitor que mais
de um bilhão é constituído por Espíritos semicivilizados ou bárbaros e que as
pessoas aptas à espiritualidade superior não passam de seiscentos milhões,
divididas pelas várias famílias continentais. Torna-se fácil, portanto, avaliar
a extensão do serviço regenerativo além do túmulo, considerando-se que homem
algum se transforma instantaneamente.” (Voltei, livro psicografado Irmão
Jacob.)
Não é difícil compreender por que
o nosso planeta continua a ser, e o será por longo tempo, um mundo de provas e
expiações, constituindo a violência e a criminalidade tão-somente reflexas
dessa condição e do estágio evolutivo em que nós, os terráqueos, ainda nos
encontramos.
Pena de morte?
É comum a cada crime que acontece
e há que dizer que a cada dia os crimes estão mais cruéis, volta-se a falar da
pena de morte.
Se lermos e entendermos tudo que
acima foi relatado haveremos de nunca pensar nessa possibilidade.
Senão vejamos:
Os criminosos de hoje
provavelmente serão as vítimas de amanhã. As vítimas de hoje provavelmente
cometeram crimes no seu passado milenar. Na verdade, todos já cometemos crimes
terríveis, não podemos nos iludir a respeito. O que nos diferencia uns dos
outros é o que aprendemos após isso, é o tempo que decorreu desde o nosso
arrependimento sincero.